Confira as ações desenvolvidas pela Rede Sismográfica Brasileira em 2020
Estação Sismográfica operada pelo Centro de Sismologia da USP
A Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) é um consórcio formado pelas quatro principais instituições de pesquisa em Sismologia do país que, juntas, operam as quase 90 estações sismográficas espalhadas pelo território nacional.
O Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (OBSIS/UnB), opera as estações principalmente das regiões Norte e Centro-Oeste; o Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (IAG/USP), opera as estações do Sul e Sudeste; o Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LABSIS/UFRN), opera as do Nordeste e o Observatório Nacional do Ministério de Ciência e Tecnologia no Rio de Janeiro (ON/MCTIC), opera as estações instaladas ao longo do litoral sul, sudeste.
Desde que a RSBR foi implementada em 2011 com financiamento da Petrobrás e posteriormente do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) houve no Brasil uma expansão na capacidade de monitoramento de eventos sísmicos. Em 2020, mesmo com as limitações impostas pela pandemia de Covid-19 e pela falta de financiamento, a RSBR conseguiu desenvolver diversas ações.
Centro de Sismologia da USP - IAG/USP
Conforme informou Jackson Calhau, coordenador de viagens de campo do Centro de Sismologia, 2020 foi um ano bastante desafiador, principalmente no âmbito da RSBR. Segundo ele, a falta de financiamento e a pandemia impactaram diretamente na qualidade e disponibilidade dos dados das estações gerenciadas pela USP. Apenas 12 das 30 estações receberam visitas para manutenção e coleta de dados.
“Entretanto, temos algumas boas notícias, como um melhor monitoramento das estações remotas, servidores e serviços, artigos publicados utilizando dados da Rede, entrevistas para a imprensa, podcast para divulgar o trabalho do Centro e da Rede, distribuição de dados para pesquisadores e instituições de todo mundo, além da manutenção remota de todo o trabalho de rotina”, disse.
Calhau ainda comentou que em 2020 foram 1.741 sismos detectados e revisados em todo o mundo. Destes, 244 ocorreram no Brasil.
“A RSBR é, sem dúvidas, o investimento mais importante e consolidado da sismologia do Brasil, por ter conseguido unir os quatro grandes centros de sismologia com a CPRM e pelo valor investido em infraestrutura e pessoal nos últimos 10 anos. O fato de não ter nenhum fomento em 2020 e de não ter perspectiva de financiamento em 2021, deixa os pesquisadores bastante apreensivos sobre o futuro da Rede”, concluiu.
Observatório Nacional - ON/MCTIC
A pandemia e a falta de recursos também impactaram as ações do ON em 2020. De acordo com o pesquisador da instituição e coordenador da RSBR, Sergio Fontes, o segundo ano consecutivo sem recursos do Convênio CPRM-ON, foi igualmente desafiador:
“Atualmente, somos responsáveis por 20 estações, oito transmitem dados via telefonia celular e 12 armazenam dados localmente. As principais atividades de manutenção das estações foram realizadas no segundo semestre de 2020, quando a pandemia apresentou breve arrefecimento. Foi possível realizar duas campanhas de campo para manutenção de 10 estações sismográficas.”
Estação Sismográfica operada pelo Observatório Nacional - ON
Fontes explicou que essas atividades costumam ser preventivas e geralmente ocorrem de duas a três vezes por ano. No geral, são realizadas limpezas, substituições de dispositivos danificados, substituições de baterias, entre outras manutenções.
Além disso, segundo Fontes, a pandemia ofereceu a oportunidade de desenvolvimento de uma pesquisa inusitada e a publicação do artigo “Using Seismic Noise Levels to Monitor Social Isolation: An Example From Rio de Janeiro, Brazil” na renomada revista Geophysical Research Letters. O estudo teve Fabio Dias do ON como primeiro autor e usou dados da RSBR para estimar o isolamento social na cidade do Rio de Janeiro.
Observatório Sismológico UnB (OBSIS/UnB)
Marcelo Rocha, coordenador do OBSIS/UnB, destacou que 2020 foi um ano difícil para a RSBR e para as instituições que a operam. Segundo ele, as atividades foram muito impactadas pela falta de recursos, principalmente a manutenção das estações, dos sistemas de transmissão de dados e da estrutura computacional das instituições onde os dados são armazenados e processados.
“Além disso, a pandemia impediu a maior parte das viagens para manutenções preventivas e corretivas das estações. Mas, apesar desse quadro complexo, o OBSIS fez um grande esforço para restabelecer as estações que pararam de transmitir dados e manter em funcionamento as demais.”
Estação Sismográfica operada pelo Observatório Sismológico na UnB
Durante o ano, mais da metade das 23 estações operadas pelo OBSIS foram visitadas. Para isso, a instituição contou com recursos próprios ou de projetos de seus pesquisadores. “Apesar das dificuldades, conseguimos manter a análise dos dados e divulgar informações quase em tempo real dos terremotos no Brasil. Também geramos dados para serem utilizados em pesquisas sobre a estrutura interna da Terra sob o território brasileiro e Sul-americano”, finalizou Rocha
LABSIS/UFRN
As atividades do LABSIS também foram bastante dificultadas devido à pandemia e dificuldades orçamentárias, disse o coordenador Aderson Nascimento.
“Em 2020 mantivemos a transmissão das estações sob nossa operação através de recursos de um projeto da Petrobrás. Adicionalmente, conseguimos realizar três campanhas de estudos sismológicos utilizando equipamentos adquiridas pelo convênio com a CPRM e custeio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Estudos Tectônicos (INCT-ET/ CNPq) nas cidades de Amargosa-BA, Caruaru-PE e Canhoba-SE.”
Eduardo Menezes, mestre em geofísica do LABSIS, em instalação de estações sismográficas na Bahia
Nascimento ainda comentou que a sismicidade na Bahia, em particular, teve grande repercussão nacional devido ao tremor de magnitude maior que 4,0 mR (magnitude regional), sentido em cidades em um raio de mais de 100 km.
Lorena Amaro
Coordenadora de Comunicação
Rede Sismográfica Brasileira (RSBR)
lorena.costa@cprm.gov.br
(21) 98310-2866